Eu encontrei este artigo e achei muito interessante e como tem tudo a ver com a temática do blog, decidi fazer minha tradução livre (o original está em inglês e disponibilizarei o link se quiserem verificar) para que possamos compreender um pouco melhor a problemática do "ser Celíaco", que pode ir muito além da questão alimentícia, tão somente. É longo, mas vale a pena ler!
O artigo se entitula "Efeitos Neurológicos da Intolerância ao Glúten" e diz assim:
"Dr. Tom O'Bryan e outros médicos da Clínica Mayo, afirmaram que a Doença Celíaca é, primariamente, uma enfermidade neurológica, e que os sintomas clássicos - primariamente gastrointestinais - são, na verdade, a ponta do iceberg, enquanto outros efeitos fisiológicos são mais comuns. Estes efeitos incluem disfunções neurológicas e de saúde mental significativas, problemas de aprendizagem e de capacidades motora e cognitiva.
Em 2008 eu escrevi um artigo chamado "Glúten, Doença Celíaca e o Cérebro". Abaixo segue um artigo que é um forte argumento para melhor consideração do efeito de sensibilidades alimentares no tratamento de problemas neurológicos e de saúde mental. (...)
'Nutrição para a Mente: Um cérebro livre de glúten para uma melhor saúde mental e neurológica
Mais de 57 imlhões de americanos têm sido diagnosticados com problemas de ordem mental, uma estimativa de um em cada quatro ou cinco adultos. Um estudo recente no Reino Unido revelou que 6% da população sofre de problemas neurológicos que vão do daltonismo à dormência nas mãos e pés e à total imobilidade. Problemas de aprendizagem, retardo no desenvolvimento, e problemas de atenção também têm seu componente neurológico. Enquanto a contaminação ambiental certamente cumpre um papel, seria parte do problema o que estamos comendo?
Uma substância alimentar tem sido associada, cada vez mais, a sintomas neurológicos - Glúten: uma proteína encontrada em cereais como o trigo, centeio, cevada e relacionados. Pessoas com sensibilidade ao glúten vêm sendo estudadas com relação à hereditariedade da Doença Celíaca autoimune, que estima-se afetar, pelo menos, um por cento da população; mas a sensibilidade ao glúten pode estar presente na forma de intolerância ao glúten - dificuldade digestiva em processar a proteína dos grãos relacionados - que pode afetar a uma parcela muito maior da população. Sensibilidade ao glúten pode levar a efeitos neurológicos e de saúde mental em várias formas, incluindo: como gatilho a respostas inflamatórias autoimunes através do sistema nervoso; produzindo efeitos narcotizantes no cérebro; induzindo mudanças nos fluídos cerebrais, ou na corrente sanguínea; e, através da Doença Celíaca, causar a má absorção de nutrientes chave necessários para uma optima saúde mental e neurológica.
Engajar-se em um estudo compreensivo de mais de quarenta problemas mentais e neurológicos relacionados à Doença Celíaca e Intolerância ao Glúten requereria inúmeros volumes e uma vida de estudos. Observem na tabela abaixo a lista de problemas neurológicos e de saúde mental que podem estar relacionados à Doença Celíaca.
Transtorno de Déficit de Atenção
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
Alzheimer
Ansiedade
Dificuldade Motora
Dificuldade Motora com Atrofia Muscular
Autismo
Desordem Bipolar
Ataxia Cerebral
Pouca Oxigenação do Cérebro
Inflamação Cerebral
Demência
Depressão
Retardo de Desenvolvimento
Dificuldade para Escrever
Epilepsia
Encefalite
Distúrbio da Habilidade Motora Fina
Esquizofrenia
Distúrbio Motor ao Caminhar
Dor de Cabeça
Enfermidade de Huntington
Hipotonia
Paralisia Muscular
Distúrbios de Aprendizagem
Encefalopatia
Esclerose Múltipla
Perda Muscular
Narcolepsia
Neuromiotonia
Parkinson
Neuropatia Periférica
Encefalopatia Periférica Multifocal
Encefalopatias Progressivas
Tiques e Movimentos Incontroláveis
Mal Estar'.
Os que estudam a Doença Celíaca, a exemplo do Dr. Thomas O'Bryan, sempre afirmam que os sintomas gastrointestinais comumente agrupados como "sintomas clássicos da Doença Celíaca" são apenas a ponta do iceberg, e que enfermidades neurológicas relacionadas ao consumo do glúten são muito mais prevalentes na população do que se imagina. Recentemente isso parece estar se tornando um consenso.
Sabemos que determinadas comidas, incluindo o glúten, podem desencadear problemas neurológicos e sintomas comportamentais; sabemos também que pessoas que experimentam incapacidade de aprendizado, instabilidade de humor, doença mental, e inclusive comportamento criminal, podem mudar os hábitos alimentares e podem superar os comportamentos prévios e viver uma vida saudável e produtiva. Uma revisão em um trabalho de Barbara Reed Stitt com criminosos, revela como condições mentais prevalentes e o acompanhamento de condições médicas, a exemplo da hipoglicemia reativa são presentes entre os encarcerados. Tratar prisioneiros com uma dieta apropriada é uma grande fonte de economia nos cuidados da saúde, especialmente considerando que os EUA têm a maior incidência de encarceramentos do mundo - 3.2% de todos os americanos adultos. (Há quase 100.000 jovens nas casas de correção). Em média os estados gastam 7% do orçamento anual em prisões.
(...)
Ainda temos um longo caminho a seguir no entendimento de todos os mecanismos patológicos por trás de problemas neurológicos e de saúde mental, e que papel a alimentação e as substâncias a ela relacionadas jogam no desenvolvimento dos sintomas. No entanto, a evidência clínica, colhida de renomados jornais, é significante. Centenas de milhares de pessoas que sofrem diariamente com problemas neurológicos e de saúde mental relacionados a substâncias encontradas em comidas comuns do dia-a-dia, podem fazer escolhas da dieta que podem ter um impacto positivo em sua saúde, livrando-os da dificuldade com que viveram toda sua vida, e, em alguns casos, ajudá-los a se recuperar completamente. É tempo que o público esteja mais alerta a esta importante conexão - que o que comemos tem o poder de definir quem somos como individuais. Somos o que comemos, e isso é de vital importância para determinarmos nossa dieta como parte integral em qualquer plano de tratamento, evitando correr exclusivamente em direção aos fármacos no que concerne ao tratamento de enfermidades neurológicas crônicas e mentais.
Uma das questões mais críticas que encontramos na sociedade é: por que não implementamos ainda, em larga escala, mudanças alimentares necessárias para o começo desta mudança? E, significativamente, por que instituições alimentares - tais como as encontradas nas escolas, hospitais e prisões - ainda estão repletas de problemas em relação a alimentação? Nossas instituições permitem as mudanças necessárias para acomodar reações individuais a comidas, incluindo pessoas sensíveis ou alérgicas, ou intolerantes? É tempo que cada médico, professor, sistema de ensino, hospitais e instituições correcionais abram os olhos e comecem a implementar um largo sistema de mudanças. Oferecer opções aos Celíacos significa ir muito além que oferecer saladas sem croutons ou sanduiches sem pão! Significa oferecer alimentos livres de glúten, naturalmente preparados e atrativos, como grãos seguros, vegetais da estação. Custa mais oferecer este tipo de alimentação às crianças em desenvolvimento, para nossa população médica e psicologicamente fragilizada? Sim, custa. Mas o custo da produção de alimentos pode ser balanceada com o peso de nosso sistema de saúde fora de controle, e do sofrimento daqueles com desordens mentais e neurológicas tratáveis, ou mesmo preventivas.
Alguns cientistas sugerem que o meio ambiente tem um papel de destaque em problemas neurológicos e de saúde mental, mas, eu acho que também necessitamos nos perguntar - enquanto sociedade - como estamos nos alimentando, e no que depende de nós, pode ser melhor? Já sabemos a resposta. Também sabemos que nutrição começa em casa, assim, espero que cada pai aprenda a prestar atenção aos sinais sutis ou não sutis de sensibilidades alimentares em seus filhos, e escolher sua alimentação adequadamente. Sabemos agora que "comer tudo no prato a sua frente" não é sempre o melhor conselho. Como nação, enfrentamos uma endemia de obesidade infantil, aumento de alergias nas escolas, aumento de diagnósticos de Autismo, e uma em cada cinco crianças sofrendo com problemas de aprendizagem. Como mãe e profissional da saúde, isso realmente me assusta. Se continuarmos neste caminho, estaremos nos encaminhando para a piora da saúde de nossa nação e dificlmente cuidaremos bem do futuro de nossas crianças".
Wendy L Cohan, RN, November, 2010 - Gluten Free Choice Consulting (
http://www.glutenfreechoice.com/neurological_effects_of_gluten_intolerance)